sábado, 15 de setembro de 2012

lua cheia fina

Tenho ouvido quase diariamente comentários sobre como estou MUITO magra... a explicação é simples, o gasto energético para correr atrás da Íris e garantir o almoço/janta dela é no mínimo 3x maior que a energia adquirida em uma BOA refeição - com boa me refiro a quantidade e qualidade - sendo que, durante a refeição, serão feitas algumas pausas pra impedir que ela coloque abaixo a casa inteira ou então ela vai querer uma mamadinha ou um colo pra comer junto com mãe e pai.
Que ótimo que eu estou magra! Quer dizer que meu corpo está respondendo adequadamente às suas demandas... pior seria um inchaço por acúmulo de uma energia que deveria estar sendo enviada para outro lugar e não guardada e mal compreendida.
Me sinto cheia de energia, super ativa e muito linda :)

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Meu pé de romã.

Eu tenho um pé de romã. Desde nossos primeiros anos juntos ele sempre foi mirradinho, facilmente atacado por formigas e, durante muito tempo, não deu nenhum fruto. Muito novinho? Será que ainda não está na época de dar frutos? Mas eu via por aí pezinhos pequenos com romãs enormes pesando os galhos frágeis da arvorezinha... e o meu pé de romã nem era mais tão pequenino assim! Acontece que ele não é um pé de romã qualquer. Não só por que me foi presenteado e por isso o chamo de meu - quando na verdade ele é ligado a mim e não propriamente meu. Ligado a mim... acho que é a primeira vez que penso na nossa relação assim. A nossa história começa quando a menina Lua estava começando um novo ciclo em sua meninice. Um momento que constrange muitas meninas, que enche outras tantas de expectativa, mas que, invariavelmente, é repleto de mistérios, tanto para as que esperam ansiosas quanto para as que abominam e tem medo. Mas que tal de novo ciclo era esse? Ora, acredito que vocês - principalmente mulheres - já sabem o que é. Eu tinha meus 12 anos há uns dez anos atrás e tinha passado pela minha menarca. Lembro que achava uma bobagem o modo com as colegas de aula tratavam a primeira menstruação. Tinham as adultinhas, que vestiam calça coladinha e eram as preferidas dos meninos e por isso todos achavam que elas já tinham menstruado; se elas sabiam que alguma das meninas mais tímidas já estava andando com absorventes escondidos no casaco e na mochila, logo elas davam um jeito de espalhar para a turma inteira que a fulaninha já menstruava. Tinham as que se encolhiam só de ouvir falar em absorvente. Minha melhor amiga, com pais médicos e sempre muito curiosa, ia atrás das informações biológicas por trás do acontecimento super esperado e nós dividíamos essas informações... eu... eu sabia que aconteceria no meu tempo e que não seria um problema. Assim foi. Um belo dia aconteceu. A matraca da minha amada mãe, que foi quem me fez encarar os ciclos femininos com um olhar de encantamento e naturalidade, na mesma hora, saiu correndo contar para o meu pai (devo ter ficado da cor do sangue na calcinha) e disse que me daria um presente. Não, não recebi o tal presente... não naquele momento e não como ele me foi prometido. Foi melhor que isso! Tive a oportunidade única de participar de um rito de passagem, de menina para moça, no grupo de mulheres que a minha mãe e a mãe da minha melhor amiga faziam parte. Do ritual em si, lembro-me de poucas coisas. Dançamos em roda, fomos abençoadas, nossas dindas lavaram nossos pés com pétalas de rosas e nos deram um diário, ganhamos um colar em forma de lua crescente que nos foi presenteado pelos pais (acho) e uma mudinha, no meu caso, de romã. Uma arvorezinha que seria regada com nosso sangue e acompanharia nossos ciclos. Viu! Eu disse que não era um pé de romã qualquer! Nesse ritual e nos meses que se seguiram fomos sendo profundamente ligadas, eu e minha arvorezinha. Ano após ano, sem nenhum fruto... até um pouco mais de um ano atrás. A Lua não mais donzela é agora mãe... na lua cheia como manda o figurino, com um amor... ahh... um amor imenso brotando de dentro para fora e sendo continuamente inspirado de fora para dentro. Um ser lindo foi sendo gerado, semana após semana e a minha arvorezinha, não mais tão pequenina, carregou durante 9 meses um pequeno fruto em seus galhos não mais tão frágeis. Um pequeno e único fruto. Um dia um vento danado soprou lá pras bandas de Belém Novo, onde meu pé de romã cresce. A minha mãe não teve dúvida, foi dar uma olhadinha na Romã Íris (um frutinho com nome!) e ela ainda estava lá, agarradinha nos galhos agitados pelo vento. Só que o vento foi danado mesmo e acabou arrancando o fruto do pé, o pequeno e único fruto. Por esquecimento eu não soube naquele dia da queda da Romã Íris, mas nossa ligação se mostrou mesmo bem forte e no dia seguinte eu caí. Que susto! Susto maior ainda levou a vó da Íris que achou que eu tinha sido influenciada pela história do dia anterior... mas que história? Eu não sabia de nada... caí de madura no banheiro e (ufa) nada além de um sufocante dia no hospital de clínicas aconteceu. A pequena Íris esperou a lua cheia, bem no dia que combinamos com ela. A queda não passou batida não! Foram os fantasmas familiares que mandaram um medinho a mais e nosso bebê resolveu se revirar toda no barrigão e vir ao mundo de ladinho. E que vinda ao mundo! Em casa, com o pai parindo junto da mãe, com pessoas mais que especiais, em uma linda celebração da vida. Experiência transformadora, que me fez sentir a força da mulher que sempre tive dentro de mim. A romãzeira? Deu muitos frutos nesse ano, frutos enormes em galhos fortes cheios de folhas verdes.

sábado, 17 de março de 2012

te concebo

"Ontem, 14º dia do ciclo lunar...

Tudo para ser, talvez não seja o momento.
Ah, as convenções, as normas culturais de uma sociedade falida. Será? Não será?
Se for, será amor e será amada (o). Se for, será luz e alegria nos nossos corações. Sim, eu sei as consequências. Sei que estaremos juntos em uma loucura programada. Há a possibilidade, há vontade e desejo, sobra amor.
Se for, será bem vinda (o).
Um reflexo de nossas almas plenas. A união de dois corações que amam intensa e verdadeiramente.

O nome não importa, o sobrenome menos ainda
és um ser de luz.
minha (nossa) pequena Íris
nosso grande e mais sincero AMOR. te concebo.

Para Íris Cezimbra Armbrust, em 27 de outubro de 2010"

quinta-feira, 15 de março de 2012

aquele despertar

Em mim, a certeza de ter, desde o princípio, escolhido o caminho certo... e estávamos perto, muito perto, de poder tocar e amar com o corpo, com a pele, com o olhar, a flor que brotava da primavera.

Era inverno, um frio danado, daqueles que me deixa especialmente feliz. Bem na data combinada, elas chegam suaves e anunciantes, quase como um sussuro "mãe, vai te preparando, eu tô indo!"... eu sabia desde a primeira contração leve, mas intensa o suficiente para me despertar, que nossa menina tão desejada e tão aguardada estava pronta para nascer e fazer nascer junto com ela uma mãe. Eu, eu também estava pronta... pronta para dar a luz à Íris e à Lua. Nós duas sabíamos que não seria fácil e não seria sem dor e sem medo... e sentíamos, acima de qualquer medo e qualquer dor, a nossa força, o nosso poder.

terça-feira, 13 de março de 2012

bu!

é só iluminar o ambiente (a mente!) pra ver que o fantasma que assombra no escuro não passa de um velho conhecido que assume uma sombra disforme e causa aquele arrepio (o tal medo)...


para conhecer, permitir-se ver.


quando eu era criança (e ainda não alcançava a alça da geladeira) gostava de ir na cozinha sozinha e desligar as luzes... lá eu sabia onde estavam os móveis... mas eles se confundiam, se mesclavam, assumiam formas humanas - sempre imensas. adrenalina. será que eu sou como aqueles que enxergam espíritos? será que são eles vindo falar comigo?

e quando o medo chegava no seu limite, antes do engasgo na garganta e da vontade de gritar pela minha mãe, rapidamente, eu encarava a sombra (um vulto? outro ser?) e acendia a luz... e respirava aliviada... santa geladeira!

domingo, 14 de agosto de 2011

Feliz dia, pai.

Sabe pai, é difícil escrever tudo o que gostaria de dizer, mas é mais fácil escrever do que dizer de fato. Se fosse dizer provavelmente tudo que sairia seria algo como "Eu te amo muito, obrigada por ser esse pai maravilhoso." Acho que não te contei isso, mas quando me senti quase mãe as primeiras pessoas em quem pensei foram em ti e na mãe... naquele momento tudo que eu queria dizer era obrigado. Obrigada pelo amor imenso que transmitiram para mim; através do amor de vocês, do amor pelo mundo, do amor pela vida. Foi me alimentando desse grande amor que cresci sensível; com o coração aberto pro mundo, pro novo, para as pessoas. Foi esse amor que me fez ter certeza que estava no caminho certo, no caminho do meu coração.
Com o tempo entendi a importância de expressar aquilo que sentimos, falar, colocar pra fora, gritar, nem que seja pra pedir desculpas depois (e isso aprendi contigo). Ser autêntico com certeza é uma marca tua muito forte que me orgulha muito. Aliás, tu me enche de orgulho e percebo isso quando desando a falar de ti e vejo como sou uma filha coruja (hehe)... na verdade, vejo que não poderia ter escolhido pais melhores pra vir pra esse mundão.
Obrigada pai por insistir naquilo que sempre soube ser melhor pra nós e por me dar condições de passar isso tudo para minha filha. Obrigada por deixar os ciscos cairem nos olhos e ser um pai chorão. Obrigada por ser paciente com os meus porquês e incentivar em mim a curiosidade natural das crianças. Obrigada por todas as brincadeiras, carinhos e palavras de amor. Obrigada pelas palavras sérias que foram importantes para meu crescimento. Obrigada por me respeitar como indivíduo, por confiar em mim e nas minhas escolhas. E hoje, obrigada por receber a Íris com todo esse amor e ser um avô maravilhoso!

Pai, obrigada por viver  e deixar viver... já que na conta da vida, não adianta saldo médio.

Te amo muito!
Feliz dia dos pais :)

quarta-feira, 6 de julho de 2011

antes da Íris, Brasil x Holanda...

Poderia falar sobre nossa gestação começando com "antes, éramos nós dois", mas acho que nem eu acredito nisso. O desenrolar desse amor tão grande e intenso me parece ter tudo a ver com a pressa de um serzinho louco pra vir ao mundo.

Antes, éramos a Lua de um lado e o Milton do outro. Provavelmente nos cruzamos muitas vezes (muitas mesmo) e estivemos prestes a sermos apresentados... Não lembramos um do outro antes "daquele dia"; nos vimos na mesma primeira vez e ali nossos olhos já se encontraram, pelo menos de raspão.
Não, não foi um encontro como aqueles de filmes em que rola uma música de fundo e as coisas param, não dessa vez. Como bons estudantes universitários, na hora da janta, estávamos no R.U. - o Milton lembra até o cardápio já que passara o dia inteiro sem comer decentemente... Era um dia nacionalmente importante, mundialmente, quiçá. A Copa do Mundo na vida de estudantes moradores de casa de estudante não é o evento mais comemorado do ano (o R.U. fecha ao meio-dia, como todo o resto da cidade) e, pra melhorar a situação, foi justamente no dia em que o Brasil foi eliminado pela Holanda (sem comida em vão!).
Eu... eu não me lembro de mais nada daquele dia. Só dos olhos dele. Parece que, naquele raspar de olhares, já não éramos só nós dois, ou pelo menos eu não era só a Lua.